Bernardo já estava uma árvore quando
eu o conheci.
Passarinhos já construíram casa na palha
do seu chapéu.
Brisas carregavam borboletas para o seu
paletó.
E os cachorros usavam fazer de poste as
suas pernas.
Quando estávamos todos acostumados
com aquele bernardo-árvore
ele bateu asas e avoou.
Virou passarinho.
Foi para o meio do cerrado ser um arãquã.
Sempre ele dizia que o seu maior sonho era
ser um arãquã para compor o amanhecer.
Poesias de Manoel de Barros musicadas pelo compositor Márcio De Camillo.
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