domingo, 16 de dezembro de 2012

O Fazedor de Amanhecer




Bernardo já estava uma árvore quando
eu o conheci.
Passarinhos já construíram casa na palha
do seu chapéu.
Brisas carregavam borboletas para o seu
paletó.
E os cachorros usavam fazer de poste as 
suas pernas.
Quando estávamos todos acostumados
com aquele bernardo-árvore
ele bateu asas e avoou.
Virou passarinho.
Foi para o meio do cerrado ser um arãquã.



Sempre ele dizia que o seu maior sonho era
ser um arãquã para compor o amanhecer.


Poesias de Manoel de Barros musicadas pelo compositor Márcio De Camillo.

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