terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Ser Mãe de Menino É?

"Do nosso amor a gente é que sabe, pequeno."

Outro dia desses me deparei com um texto que se intitulava "Ser Mãe de Menino É...". Fui ler a nível de curiosidade, e não me surpreendi pois era exatamente o que eu esperava. Um texto meloso, piegas e cheio de clichês. Sem contar que era um tanto quanto machista. Nele seguia o discurso de que ser mãe de menino é descobrir o quão fantástico são as brincadeiras de menino, dando a entender que uma mulher nunca tenha brincado de carrinho, de jogar bola entre outros. Destacava também a incrível descoberta de que, segundo a autora: "Azul é uma cor tão bonita quanto rosa". Ora, veja, eu detesto rosa, sempre detestei e detesto mais ainda a postura de quem ensina a seus filhos que existem "coisas de menina" e "coisas de menino". Poxa vida, tanto tempo a gente vem lutando contra o machismo que impera na sociedade e damos de cara justamente com mulheres que são mais machistas que muitos homens, e pior, mulheres que criam filhos e filhas com essa postura. Devido a essa minha pequena revolta, eu vou pontuar aqui, na minha singela opinião de mãe de um menino, o que é ser mãe de menino.

Ser mãe de menino, é antes de qualquer coisa, ser mãe de um ser humano, pouco importando se é menino ou menina. É aprender e ensinar que diferenças existem sim, mas que devem ser todas respeitadas. Ser mãe de um menino é reviver a infância de menina-moleque, de pé no chão de terra, de caçar tatu bolinha, de brincar escondido com os carrinhos do irmão mais velho. É lembrar do dia em que você pintou o tapete branco da sua mãe de aquarela, até porque, pra aprontar basta ser criança. É fazer como o Chico Buarque e ter saudade do tempo em que a maldade nem tinha nascido.
Ser mãe de menino, é se vestir de monstro, de fada, de rei, de rainha, de bruxo e as vezes até virar cavalo. É ter poderes mágicos que você jamais vai revelar, é dançar, mesmo que sem ritmo, mesmo que sem música, é saber mudar a voz enquanto lê uma história na beirada da cama.
Ah, eu poderia passar o dia aqui, não me faltariam argumentos para dizer o que é Ser Mãe de Menino, ou simplesmente, o que é Ser Mãe. Porém, paro por aqui, até porque, ainda não descobri nem metade das maravilhas da maternidade. Porém, vamos deixar isso pra mais tarde.

E pra você, Ser Mãe de Menino é...?


Maya Costa

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Semente e Fruto

"Tempos viverão em nós."

Com as mãos no teclado e o pé balançando o carrinho. É assim que eu me encontro no atual momento.
Fica um pouco difícil escrever, porque a cada três palavras que eu escrevo, o Bernardo resmunga. Hoje ele decidiu que, com nem um mês de vida, ele já é grandinho o suficiente para não dormir mais como antes. Portanto ele está aqui deitado no carrinho, chupando sua chupeta e vendo a vida passar.

Essa coisa de recém nascido cansa, não vou mentir. Mas achei que fosse mais pesado, mais puxado. Tem dias que é assim mesmo, tem dias que eu pareço um zumbi e normalmente nesses dias banho e escovar os dentes ficam em segundo plano. Por um milagre do destino, eu consegui arrumar meu cabelo, mas não sei se conseguirei repetir essa proeza tão cedo. Bernardo mama que nem um calango seco do deserto, tem dias que eu acho que vai sair leite em pó dos meus peitos. E junto com o leite lá se vai a minha energia, sendo sugada por esse pedaço de gente. Eu estou cada dia mais magra, e creio que quando chegar nos seis meses eu estarei uma vareta de magra, serei apenas peitos enormes!
No mais, não posso reclamar muito, ele dorme bem a noite, tem um pouco de dor de barriga as vezes, mas nada assustador de arrancar os cabelos. Meu bebê é um anjo.

E eu? Bem, eu me sinto cada dia mais leoa, mais protetora, mais ciumenta. Já sou capaz de sentir saudade dele em um curto espaço de tempo, e chega a dar sangue nos olhos quando alguém faz uma coisa com ele contra a minha vontade. Tá aí uma das vantagens de ser mãe solteira, é do jeito que você decidir e pronto, não tem mais ninguém com autoridade maior ou igual a sua para te contradizer.
Que conste também que eu estou recuperando a minha vaidade, aos poucos. É difícil se desapegar da imagem de mãe, e lembrar que ainda existe a Maya Mulher, de desejos, vaidades e sonhos. Aos poucos as coisas vão se encaixar com mais certeza e eu poderei voltar a ser a boa e velha Maya de sempre, ou não. 

Quando ao assunto Mr. Pai, evitarei o máximo possível. Meu sentimento de posse é maior que qualquer pensamento racional de "Que bom que ele quer ficar perto", quando eu quero distância. Afinal, eu passei por tudo sozinha até agora, a gravidez não foi nenhum mar de rosas, psicologicamente falando, sem contar o descaso e a desconfiança. Nada me tira da cabeça que o Bernardo é MEU filho, apenas. 

Fora isso, vamos bem, muito bem! Caminhando, ouvindo boa música e esperando um futuro melhor e mais cheio de brincadeiras. Não preciso nem dizer que ele está cada dia mais lindo, mais gostoso, mais delícia e mais tudo de maravilho que uma mãe coruja pode achar. 

Termino essa postagem ainda com as mãos no teclado e o pé balançando o carrinho. E ele bem acordado e atento a tudo. Que seja sempre assim! 

Maya Costa


TIRA-TEIMA
Bernardo Vilhena

Tire a faca do peito
e o medo dos olhos
Ponha uns óculos escuros
e saia por aí. Dando bandeira

Tire o nó da garganta
que a palavra corre fácil
sem desculpas nem contornos
Direta: do diafragma ao céu da boca

Tire o trinco da porta
liberte a corrente de ar
Deixe os bons ventos levantarem a poeira
levando o cisco ao olho grande

Tire a sorte na esquina
na primeira cigana ou no velho realejo
Leia o horóscopo e olhe o céu
lembre-se das estrelas e da estrada
Tire o corpo da reta
e o cu da seringa
que malandro é você, rapaz
o lado bom da faca é o cabo

Tire a mulher mais bonita
pra dançar e dance
Dance olhando dentro dos olhos
até que ela morra de vergonha

Tire o revólver e atire
a primeira pedra
a última palavra
a praga e a sorte
a peste, ou o vírus?




quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

Be safe, be strong



Bernardo chegou!

Com 3,550 Kg, 49 cm e uma choradeira tamanha, chegou no mundo o meu Hobbit. Minha coisinha cabeluda e gordinha, trazendo junto com seus belos olhos acinzentados, um mundo melhor, um mundo novo cheio de esperança e amor. Mas também cheio de medos e inseguranças, o novo que assusta, as noites em claro e a nova e cansativa rotina.

Um sentimento gratificante que é se tornar mãe. Nove meses de uma ligação única e exclusiva. A total dependência, uma vida gerada dentro de você, fazendo a natureza se engrandecer cada dia mais, cada gesto mais. Desde o primeiro sinal de barriguinha, os primeiros movimentos, os chutes, o coração e as longas conversas sobre tudo que o aguardava aqui do lado de fora.

Nascer um bebê, uma nova vida, faz também renascer em você a criança, a infância boa cheia de doces e brincadeiras, as boas descobertas, os medos e os anseios de crescer. Faz nascer uma nova mulher, que ama incondicionalmente pela primeira vez na sua vida. Faz outros amores ficarem subjetivo demais. Nada é capaz de ser mais bonito, mais amado, mais protegido e mais cheio de dobrinhas gostosas que você tem vontade de morder.

Junto com o amor, vem o medo. Antes tudo era tão mais fácil, menos importante, e agora é como se tudo fosse capaz de atingi-lo. Você se torna uma verdadeira leoa, nada nem ninguém vai se aproximar dele para fazer mal. Mas no fundo você sabe que não poderá protege-lo de tudo nem de todos, pois você mesma passou por tanta coisa que seus pais não puderam, e não deviam mesmo, impedir. Agora é a vez dele.

Lembre-se: vocês sempre serão um só. Independente da distância, do tempo e da vontade do Universo. 

Ser mãe é tão pleno e cansativo ao mesmo tempo, que não cabe em palavras, prosas, textos ou poesias rimadas. São sentimentos incapazes de formar frases com sentido. Inexplicável. Só o olhos dele me bastam.

Um dia, eu espero, você vai ler isso, meu filho. Vai perceber o quanto foi, e é, querido, amado, desejado por todos da sua família, mas principalmente pela sua, hoje jovem, amanhã velha, mãe. E que ainda haja muito o que te contar até lá...
Desejo à você que o seu mundo seja mais colorido, que seus passos sejam leves e que sua cabeça saiba flutuar entre a tênue linha do lúdico e do real.

Lembre-se: Aqueles que nos amam nunca nos deixam de verdade.

Hoje e para sempre mãe e feliz,

Maya Costa