"Você vai morrer de qualquer jeito."
Vamos aos fatos, com sinceridade:
Eu tenho 21 ano e sou fumante ativa desde os 17. Comecei um pouco antes, aos 15 mais ou menos, com aquela graça de roubar cigarro em casa, quando nem sabia o que era dar uma tragada de verdade. Mas a comprar o próprio maço, foi com 17. No começo era aos finais de semana, em festas e afins, tudo muito velado e escondido. O tempo foi passando, vieram os 18 anos, a "independência" e junto o vício assumido.
Como todos sabem, eu estou grávida de mais ou menos oito meses, faltando muito pouco para receber meu presente de natal especial.
Eu demorei muito tempo pra descobrir a minha gestação, graças a um erro médico que eu tive lá pelo terceiro mês, onde foi diagnosticado um cisto no ovário no lugar de uma gravidez Fui descobrir com cerca de cinco meses de gestação. Até então, fumava normalmente, um maço chegava a durar quatro dias no máximo, sem contar as saídas aos finais de semana onde o número aumentava para mais de dois maços por noite. Assim que descobri a existência do Bernardo, não tive dúvidas, parei na hora. Fiquei com muito medo desses cinco meses fumando ativamente e constantemente, medo de ter causado algum problema no meu filho. Logo com os primeiros exames descobri que ele era perfeito, que não havia nada de errado com ele, que por sorte o meu vício não causou nenhum dano à nele. Isso me deixou mais aliviada, e desde então não tenho fumado mais.
Eu serei muito honesta, a ponto de muita gente discordar e achar um absurdo, mas tenho que desabafar o que já deve ter passado pela cabeça de mães que fumavam ou fumam. O cigarro é um vício, muitas vezes mais forte do que qualquer outra coisa, não é algo fácil de se deixar de lado, tem que querer muito. Para mim, assim como para a maioria das pessoas, não era só um "vício descontrolado", era também uma forma de calmante, o famoso momento do cigarro, a hora de relaxar pós almoço, o descontrair durante a cerveja com os amigos, muito inspirador quando unido ao bom e forte café preto. Logo, na minha cabeça, o cigarro não deixou de ser algo que só me dá prazer.
Por mais que fumar seja, atualmente, a "contra mão do mundo", os argumentos de morte, dor e sofrimento são inválidos na cabeça de uma pessoa viciada - Acredito que isso funcione da mesma maneira para alcoólatras e drogados - Você tentar convencer a pessoa viciada de que aquilo é um mal, quando na cabeça dessa pessoa se passa uma ideia de prazer, é nulo, inválido. É necessário outros métodos. Quais? Se eu soubesse já estaria usufruindo deles... Ou não!
É complexo demais. Daqueles assuntos que sempre divide opiniões das mais variadas.
Isso é só um desabafo. Eu assumo sim, sem problema nenhum, sinto muita falta de fumar, o tempo todo, todos os dias, nos piores momentos estressantes que a gente passa, seja por estar com uma chuva de hormônios malucos, seja pelos problemas do dia a dia. Continuarei sem fumar até o final da gestação, e durante a amamentação, porque esse sacrifício não é para mim, é para o meu filho. Eu faço para o bem dele, não para o meu. Depois que tudo isso acabar, não vou garantir minha estadia na "Geração Drauzio Varella". E lembrem-se: Argumentos clichês não irão me convencer do contrário - Caso contrário eu me convenceria pela imagem que vem impressa nos maços de cigarro - Cigarro é um vício, e eu sou uma viciada (talvez infelizmente). Nada vai me tirar disso sem antes eu realmente querer, e se esse dia chegar, bom pra mim! Se não chegar, o problema é meu.
Eu ainda teria muitas coisas para falar sobre o assunto, mas creio que já basta por aqui.
PS: Isso não é uma dura crítica a quem tenta me convencer do contrário, é apenas um desabafo que parte do princípio psicológico do vício.
-Maya Costa
Nenhum comentário:
Postar um comentário