sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

ESTATUTO DO HOMEM (Ato Institucional Permanente)

Artigo I 

Fica decretado que agora vale a verdade. 
agora vale a vida, 
e de mãos dadas, 
marcharemos todos pela vida verdadeira. 

Artigo II
Fica decretado que todos os dias da semana, 
inclusive as terças-feiras mais cinzentas, 
têm direito a converter-se em manhãs de domingo. 

Artigo III 

Fica decretado que, a partir deste instante, 
haverá girassóis em todas as janelas, 
que os girassóis terão direito 
a abrir-se dentro da sombra; 
e que as janelas devem permanecer, o dia inteiro, 
abertas para o verde onde cresce a esperança. 

Artigo IV 

Fica decretado que o homem 
não precisará nunca mais 
duvidar do homem. 
Que o homem confiará no homem 
como a palmeira confia no vento, 
como o vento confia no ar, 
como o ar confia no campo azul do céu.

Parágrafo único: 

O homem, confiará no homem 
como um menino confia em outro menino. 

Artigo V 

Fica decretado que os homens 
estão livres do jugo da mentira. 
Nunca mais será preciso usar 
a couraça do silêncio 
nem a armadura de palavras. 
O homem se sentará à mesa 
com seu olhar limpo 
porque a verdade passará a ser servida 
antes da sobremesa. 

Artigo VI 

Fica estabelecida, durante dez séculos, 
a prática sonhada pelo profeta Isaías, 
e o lobo e o cordeiro pastarão juntos 
e a comida de ambos terá o mesmo gosto de aurora. 

Artigo VII

Por decreto irrevogável fica estabelecido 
o reinado permanente da justiça e da claridade, 
e a alegria será uma bandeira generosa 
para sempre desfraldada na alma do povo. 

Artigo VIII 

Fica decretado que a maior dor 
sempre foi e será sempre 
não poder dar-se amor a quem se ama 
e saber que é a água 
que dá à planta o milagre da flor. 

Artigo IX

Fica permitido que o pão de cada dia 
tenha no homem o sinal de seu suor. 
Mas que sobretudo tenha 
sempre o quente sabor da ternura. 

Artigo X

Fica permitido a qualquer pessoa, 
qualquer hora da vida, 
o uso do traje branco. 

Artigo XI 

Fica decretado, por definição, 
que o homem é um animal que ama 
e que por isso é belo, 
muito mais belo que a estrela da manhã. 

Artigo XII 

Decreta-se que nada será obrigado 
nem proibido, 
tudo será permitido, 
inclusive brincar com os rinocerontes 
e caminhar pelas tardes 
com uma imensa begônia na lapela.

Parágrafo único: 

Só uma coisa fica proibida: 
amar sem amor. 

Artigo XIII 

Fica decretado que o dinheiro 
não poderá nunca mais comprar 
o sol das manhãs vindouras. 
Expulso do grande baú do medo, 
o dinheiro se transformará em uma espada fraternal 
para defender o direito de cantar 
e a festa do dia que chegou. 

Artigo Final. 

Fica proibido o uso da palavra liberdade, 
a qual será suprimida dos dicionários 
e do pântano enganoso das bocas. 
A partir deste instante 
a liberdade será algo vivo e transparente 
como um fogo ou um rio, 
e a sua morada será sempre 
o coração do homem.

-Thiago de Mello

domingo, 16 de dezembro de 2012

O Fazedor de Amanhecer




Bernardo já estava uma árvore quando
eu o conheci.
Passarinhos já construíram casa na palha
do seu chapéu.
Brisas carregavam borboletas para o seu
paletó.
E os cachorros usavam fazer de poste as 
suas pernas.
Quando estávamos todos acostumados
com aquele bernardo-árvore
ele bateu asas e avoou.
Virou passarinho.
Foi para o meio do cerrado ser um arãquã.



Sempre ele dizia que o seu maior sonho era
ser um arãquã para compor o amanhecer.


Poesias de Manoel de Barros musicadas pelo compositor Márcio De Camillo.

Criança de Botequim


“Pois a criança de botequim não conhece geração, época ou lugar. É
filho ou filha de boêmio e, em idade tida como imprópria e hora havida
como incorreta, acaba frequentando com o pai (ou a mãe) um meio em que
adultos bebem, conversam, riem, namoram, contam histórias, casam,
descasam, comemoram, lamentam. Um mundo que se abre diante de uma
criança entre perplexa e entediada, a quem procuram agradar com
revistas, lápis de cor e balas. E que finge entreter-se, destinando
aos adultos a sábia condescendência infantil.

A criança de botequim é, na verdade, cumulada de afeto, do afeto
possível do pai ou da mãe que, não resistindo aos apelos do
desregramento boêmio, precisam manter um vínculo com a vida dos
calendários e relógios.

Pois se a criança, quando no botequim, vive a solidão, pouco tempo
depois acaba assimilando alguns valores nada desprezíveis. Sabe, desde
cedo, que a vida só é rica com o encontro, com a troca, com a
conversa, com a disponibilidade. Descobre que o “fazer nada” do papo
furado é, quase sempre, um “fazer tudo”, exercício de inteligência.
Experimenta como a amizade, de botequim ou não, é um antídoto contra a
cretinice da vida. Lembra, para sempre, do pai ou da mãe como um amigo
próximo, com quem a qualquer momento você pode sentar e trocar idéias
de igual para igual, como sempre os viu fazer com os outros.”

-Paulo Roberto Pires 



Espero me lembrar disso em breve.

sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

Bernardo é o que eu queria ser



Cada vez que eu fecho os olhos, eu espero acordar com você ao meu lado, abrindo seus pequenos olhinhos curiosos para o mundo. Quero poder sentir suas mãozinhas encostando em mim, seu carinho, sua respiração, seus movimentos desajeitados...
Você já é o meu mundo, meu presente, minha inspiração.  
Você me faz ficar sem saber o que escrever, menino. Não há poesia o suficiente no mundo que descreveria esse amor. Cada vez mais intenso, cada vez mais aguardado. 
O nosso dia se aproxima, o dia em que você vai conhecer o mundo e o mundo vai conhecer você, meu presente da vida. Tenhamos calma...
Sabemos que não vai ser fácil para nós dois, mas nós faremos isso juntos, como foi desde o começo, só nós dois aqui, um dando força para o outro conseguir. Eu vou te colocar no mundo e você vai me trazer pra vida. E todos os dias, enquanto eu viver e os nossos olhares puderem se encontrar, você vai me trazer vida!

Eu mal posso esperar por nós dois. 


Maya Costa

sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

A Gestação e o Vício (Desabafo)

"Você vai morrer de qualquer jeito."


Vamos aos fatos, com sinceridade:
Eu tenho 21 ano e sou fumante ativa desde os 17. Comecei um pouco antes, aos 15 mais ou menos, com aquela graça de roubar cigarro em casa, quando nem sabia o que era dar uma tragada de verdade. Mas a comprar o próprio maço, foi com 17. No começo era aos finais de semana, em festas e afins, tudo muito velado e escondido. O tempo foi passando, vieram os 18 anos, a "independência" e junto o vício assumido.

Como todos sabem, eu estou grávida de mais ou menos oito meses, faltando muito pouco para receber meu presente de natal especial. 
Eu demorei muito tempo pra descobrir a minha gestação, graças a um erro médico que eu tive lá pelo terceiro mês, onde foi diagnosticado um cisto no ovário no lugar de uma gravidez Fui descobrir com cerca de cinco meses de gestação. Até então, fumava normalmente, um maço chegava a durar quatro dias no máximo, sem contar as saídas aos finais de semana onde o número aumentava para mais de dois maços por noite. Assim que descobri a existência do Bernardo, não tive dúvidas, parei na hora. Fiquei com muito medo desses cinco meses fumando ativamente e constantemente, medo de ter causado algum problema no meu filho. Logo com os primeiros exames descobri que ele era perfeito, que não havia nada de errado com ele, que por sorte o meu vício não causou nenhum dano à nele. Isso me deixou mais aliviada, e desde então não tenho fumado mais. 

Eu serei muito honesta, a ponto de muita gente discordar e achar um absurdo, mas tenho que desabafar o que já deve ter passado pela cabeça de mães que fumavam ou fumam. O cigarro é um vício, muitas vezes mais forte do que qualquer outra coisa, não é algo fácil de se deixar de lado, tem que querer muito. Para mim, assim como para a maioria das pessoas, não era só um "vício descontrolado", era também uma forma de calmante, o famoso momento do cigarro, a hora de relaxar pós almoço, o descontrair durante a cerveja com os amigos, muito inspirador quando unido ao bom e forte café preto. Logo, na minha cabeça, o cigarro não deixou de ser algo que só me dá prazer. 

Por mais que fumar seja, atualmente, a "contra mão do mundo", os argumentos de morte, dor e sofrimento são inválidos na cabeça de uma pessoa viciada - Acredito que isso funcione da mesma maneira para alcoólatras e drogados - Você tentar convencer a pessoa viciada de que aquilo é um mal, quando na cabeça dessa pessoa se passa uma ideia de prazer, é nulo, inválido. É necessário outros métodos. Quais? Se eu soubesse já estaria usufruindo deles... Ou não! 

É complexo demais. Daqueles assuntos que sempre divide opiniões das mais variadas. 
Isso é só um desabafo. Eu assumo sim, sem problema nenhum, sinto muita falta de fumar, o tempo todo, todos os dias, nos piores momentos estressantes que a gente passa, seja por estar com uma chuva de hormônios malucos, seja pelos problemas do dia a dia. Continuarei sem fumar até o final da gestação, e durante a amamentação, porque esse sacrifício não é para mim, é para o meu filho. Eu faço para o bem dele, não para o meu. Depois que tudo isso acabar, não vou garantir minha estadia na "Geração Drauzio Varella". E lembrem-se: Argumentos clichês não irão me convencer do contrário - Caso contrário eu me convenceria pela imagem que vem impressa nos maços de cigarro - Cigarro é um vício, e eu sou uma viciada (talvez infelizmente). Nada vai me tirar disso sem antes eu realmente querer, e se esse dia chegar, bom pra mim! Se não chegar, o problema é meu. 

Eu ainda teria muitas coisas para falar sobre o assunto, mas creio que já basta por aqui. 


PS: Isso não é uma dura crítica a quem tenta me convencer do contrário, é apenas um desabafo que parte do princípio psicológico do vício.


-Maya Costa

quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Diário de Bebê a Bordo (Emburrecimento)

Depois de conversar com algumas mães e outras pessoas aleatórias, constatei um fato muito importante: Nós mulheres emburrecemos um tanto durante a gestação!

É claro, tendemos a ser mais impulsivas, emotivas, temperamentais, incoerentes, as vezes surtamos por nada ou por pouca coisa. Distúrbios de comportamento que são muitas vezes causados pela enxurrada de hormônios e por esse bichinho bonitinho que está crescendo dentro da gente. Mas apesar dessa explicação hormonal, eu venho notando que existem outros pontos cerebrais atingidos durante a gestação.

A memória, por exemplo, eu sempre tive uma excelente memória, diria até de elefante. Sempre me lembrava de detalhes que ninguém mais lembrava e decorava qualquer tipo de informação com muita facilidade. Lá pelo sexto mês de gestação, eu comecei a notar uma queda absurda nesse ponto. Exemplo: Eu penso em escrever alguma coisa, seja uma frase minha, uma letra de uma música ou um pensamento qualquer. O telefone toca, e dois minutos depois essa "ideia" já se foi. Eu tenho a sensação de que ia escrever alguma coisa, mas não me lembro de jeito nenhum o que era. Chega a ser agoniante! 

Ouvi dizer que isso passa depois que ele nascer. Assim espero, pois ultimamente eu me sinto péssima com essa memória de peixe. 

Acontece uma certa lentidão no raciocínio lógico também. Por exemplo, uma conta matemática rápida, daquelas que a gente faz de cabeça, demora um pouco mais pra assimilar. 
Enfim, acredito que seja passageiro. Mas é um fato, a gravidez emburrece! 

Mães, concordam? 


-Maya Costa

terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Diário de Bebê a Bordo (Chá de Bebêrnardo)

Enfim, é passado o Chá de Bebêrnardo primeira edição. Deu um baita trabalho, mas valeu a pena. Ficou tudo lindo, ou quase!

A tia Isadora fez seus famosos cup cakes da diversidade (que no final das contas ficaram mais bonitos do que gostosos, mas ok). Erramos uma receita para depois "quase" acertar nas outras. O importante é que esteticamente ficou legal, e demos boas risadas fazendo.


Eu ganhei um lindo bolo de chocolate da mãe da dinda Veri (que estava incrível de gostoso), e fiz um bolo de cenoura em forma de coração (que deu uma quebradinha ao ser desenformado, nada que a cobertura e muito confeito não cobrisse). Mais uma vez, o importante é que ficou gostoso. E a mesa ficou simples e fofa, não sou chegada em mega decorações festivas.


Bem, como vocês podem notar, muitas coisas não saíram exatamente como esperávamos. Mas esses imprevistos fazem parte dessa coisa toda de mãe/tios/tias de primeira viagem. Mantivemos tudo sob controle, mesmo quando uma inesperada chuva nos surpreendeu bem no começo da festa, lá pelas 17:00. Limitando um pouco o espaço da varanda que arrumamos com todo amor e carinho.


Como já era de se esperar, nenhum desses fatores alterou a diversão da festa, nem a presença de nenhum dos meus queridos convidados. Que mesmo de baixo de chuva e trânsito, conseguiram chegar. Alguns mais encharcados do que os outros, mas todos presentes.


A noite foi caindo, alguns convidados indo e vindo o tempo todo. Eis que surge a ideia da tia Débora de pintar uma pokebola na minha barriga. Depois de muita discussão e debates sobre as cores e o desenho, chegamos a um finalmente. Foi um momento muito divertido e gostoso. Pintar a barriga é sempre um ato que eu recomendo as mamães. É um momento de ligação artística com sua cria. 




Agora estamos nos preparando para a segunda edição do Chá de Bebêrnardo, versão Família, nesse domingo(9). Espero não ficar tão cansada quanto eu fiquei nesse. Enfim, já estou nadando em pacotes de fraldas de diversos tamanhos, o que nunca é demais quando o assunto é bebê. 

Já começo a sentir pelo cansaço que estamos entrando na reta final. A barriga já pesa, as pernas já não aguentam muita coisa e os pés incham um pouco. Tô sentindo ele virar o tempo todo aqui dentro, acho que nem ele aguenta mais tudo isso. Próximo US é dia 20 de dezembro e depois o último dia 10 de janeiro. 
Natal e Ano Novo eu não posso viajar, tenho que ficar bem quietinha aqui em casa, ordens médicas. 
Depois desse Chá vamos dar o último retoque nas coisas, arrumar a mala para a maternidade e montar o cantinho nosso. Depois é esperar chegar a hora, sempre trabalhando a respiração e relaxando para não ficar encanada com essa coisa do parto normal que eu tanto quero, vai dar tudo certo!

*Lembrete para o próximo filho: Pagar alguém para organizar as festas. Ô trampo do caramba, viu!*


Beijos e chutes
Mamãeyara e Bebêrnardo