segunda-feira, 18 de julho de 2011

Chuvas de Verão



"Há quem diga que se a primeira vez foi boa, se torna inesquecível."

Certa vez alguém me disse isso.
Quando eu tive a minha primeira vez, logo pensei naquele samba antigo que diz "Podemos ser amigos simplesmente, coisas do amor nunca mais". Claro que não pensei nisso tão logo.

Foi sem sombra de duvida um dos momentos mais lindos da minha vida. Ultrapassei os limites da dor, anestesiada talvez por algumas cervejas e cigarros. Eramos grandes companheiros, assim por dizer, não sei bem se amigos, talvez camaradas ou coisas afins. Amantes da arte, da boemia e das paixões momentâneas. É engraçado pensar na naturalidade dos acontecimentos na minha vida. Naquela noite São Paulo se tornou mais bonita vista da garupa de uma moto. A enorme quantidade de luzes e sons, os enormes arranha-céus, as ruas esburacadas que nos vaziam pular e rir, um sinal vermelho ultrapassado e o vento daquela noite quente de Fevereiro que fazia meu cabelo ficar mais bagunçado do que já era. Quem diria que uma conversa na mesa de um bar me levaria a tanto.

Aquela casa me fez ir por mares nunca dantes navegados. Me limitou apenas a viver, da maneira mais intensa possível. Naquela época eu não imaginava tudo que estaria por vir, e nem sequer almejava imaginar. Ainda me arrependo um pouco de não ter aproveitado mais o que a casa me oferecia, talvez eu tenha me deslumbrado demais com a intensidade dos acontecimentos, me perdi em mim mesma da maneira mais confusa possível, hoje eu entendo, ou não.

Em nostalgia às vezes me pego desejando que aquela noite volte, que aquela sensação volte, que eu possa sentir mais uma vez como é dar uma das poucas coisas que nos pertence sem dó nem piedade. Hoje em dia, eu só posso dar uma coisa que me pertence, o meu beijo, mas ele nem sempre é bem bem dado ou recebido. Para dar um bom beijo tem que saber, tem que ser merecido, não se pode esperar ganhar um beijo, nem pedir, tem que dar e pronto.

Na noite em que beijos foram a menor importância eu ouvi um samba. E só hoje eu entendo que ressentimento passam com o tempo, agora eu tenho calma.
Amigos simplesmente e nada mais.



Maya Costa (Quarta-Feira 29 de Junho de 2011)

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