quarta-feira, 11 de abril de 2012

La Bohemia



Madrugadas em claro são boas para os pensamentos da gente. 
 Pensamentos rimados transbordam e se perdem naquela coisa grande azul escura. Quanta beleza passa desapercebida pelos olhos dos comuns, não pelos meus. Aspirante a escritora e poetisa afirmo sem titubear: As coisas boas são boas, as coisas bonitas são bonitas. 
 Basta de demagogia barata, falemos do que é real, dizem os sérios acadêmicos. Ora meu Senhor, e o que há nesse mundo de mais real do que a beleza daqueles que passam pelo mundo encantados. Saudosista sim, e com muito orgulho. Por muitos chamada de boêmia é aquele lugar onde ficam as coisas mais cheias de boniteza. Onde o copo de cerveja quente descansa em cima da mesa, esquentou entre uma filosofia e outra, pouco importa. Uma frase dita por um camarada, um batida na mesa, um toque na corda do velho violão e pronto, tá feita a poesia cantada que logo se esquece e dá lugar à outra. 
 Amores vem e vão, entre um samba e outro a noite vai desvanecendo e dando lugar ao amanhecer. De longe se vê o céu avermelhado de um novo-velho dia. Quanta beleza que nem cabe no vasto horizonte que eu vejo. 
 Pois é camarada, é como dizem: As coisas boas são boas, as coisas bonitas são bonitas. O resto é perfumaria. 
 O céu, a luas, as estrelas, você. Diz o malandro sem maldade nenhuma para aquela dama do vestido florido. Ora bolas, os malandros também amam. Talvez amem mais e melhor do que muita gente de fina estampa por aí. Volta pra casa com seu caminhar manso e cansado, porém satisfeito. Já ela, contente que nem cabe em si, vai derramando as flores do vestido pelo chão de volta. Ah, como as coisas bonitas são bonitas.
 Escrevendo a gente nem se dá conta mais do que foi ou deixou de ser. Só se sabe que é. 
Outros domingo desses, desses domingos quentes de verão, sentada em meio a carros e pessoas na Avenida Paulista uma camarada das antigas disse como quem diz algo pra ninguém, como quem diz pra vida mesmo: Paulista, varanda da gente. Bom é saber deleitar disso. 
 Me perco em mil pensamentos, linhas e letras de beleza que não caberiam no mundo inteiro. Há mais beleza entre nós, meros mortais, do que conhece a nossa vã e pouco sábia filosofia.
 Me limito a não esquecer que as coisas boas são boas, as coisas bonitas são bonitas. 


Maya Costa.

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