quarta-feira, 16 de março de 2011

Metáfora Pura

Então, pode acabar.
Como o final de uma longa gravação de um filme.
Destroem-se os cenários, para que nenhuma lembrança reste,
Apagam-se as luzes, e é tudo recolhido com tanta rapidez, com tanta frieza, que quase não se consegue mais lembrar o que ali havia existido.
É como aquele manhã de quarta-feira de cinzas que parece apagar todos os sorrisos e todos os amores do carnaval que passou, tornando lembrança aquilo que no dia anterior foi um momento inesquecível.


Como são especiais as noites em que há o que comemorar.
O sangue parece mais limpo, e o sorriso, mesmo que amarelado, torna-se mais vibrante e aquela dor já nem dói tanto assim.
Os tolos apaixonados se entregam, os casais de longa data se entregam, os amantes efêmeros, esses sim se entregam, os recatados e tímidos, mesmo que sutilmente, se entregam e até mesmo aquela Senhora apoiada na janela, que já não tem mais aquele para se entregar, admira a movimentação passar, e com um leve sorriso e doces lembranças dos seus tempos áureos, se entrega. 


E por fim, o que seria da alegria se ela nunca tivesse final? Um eterno vazio, recheado de um sentimento só, a felicidade. Sem tristezas para deixa-la mais bonita, sem lágrimas para enfeitar e sem versos baratos de poesias melancólicas e enfadonhas para desopilar nossos fígados.


E então, posso acabar. Por que um dia... Acaba! Seja mais cedo, ou seja mais tarde. Nada é para sempre. Que bom!



Maya Costa

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