quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Quem Sabe Um Talvez;





Alguém viu meu chinelo?


Estreitos laços de amizade que começam e terminam. O que há de ser da vida sem esses laços de inércia que trançam as pernas dos distraídos? Quem vê duvida que vai durar, quem vive, duvida que um dia pode acabar.
E quando eu digo camarada, que não há de ser nada, há de ser tudo. Quando o ciclo se completa, se finda de vez, os corações se derramam, choram, mas não de dor e sim de saudade. Saudosismo sentado na beira da cama fumando um cigarro.
A casa é ampla e a paixão modesta, sobra tanto abraço, tanta falta, tantos outros tantos. Onde quer que eu vá, sei que vou sozinha, à mim pouco me importa. Hei de ir sem olhar, apenas sentir. Sentir a falta, que falta boa é essa que eu guardo meu Deus. Eu só sei que volto, nem que seja só para dizer adeus, para rir, para dar aquele abraço que tá sobrando ali no cantinho junto com os livros.
Acorrentado a ninguém, assim sou eu, acorrentado ninguém pode amar. Quebro as correntes de preguiça e mal dizer que há entre nós. Prometa-me que não nos acomodaremos a nada, nem a nós mesmos.
Quando daqui algum tempo, eu bater em tua porta, direi-te "Eu disse que ia voltar". Chegar para te abraçar, como um pescador que volta para sua morena trazendo as conchinhas do mar, as pratas e os ouros de Yemanjá. 
Por enquanto, meu caro, me limito a escrever-te alguns versinhos de prosa. Prosa boa sempre tivemos, madrugadas à dentro de grandes pensadores, de palavras soltas no ar, um gole de cigarro e um trago de café, assim por dizer fui feliz. Não, não me diga adeus, não há sofrimento meu, não devemos nos separar. A saudade é cruel quando existe amor, portanto não me diga adeus. 
Hoje, sentada na varanda com os raios de sol queimando minha pele marcada, eu me recordei daquele nosso primeiro dia. E agora só tenho uma pergunta a fazer...

Alguém viu meu chinelo?










Maya Costa