Os tempos de tormenta chegaram e já não há mais a mesma calmaria. Há de ser aquele vento que soprou com força bruta e trouxe junto a ele más lembranças e maus olhados. O mar que banha meu corpo é o mesmo que naufraga minhas embarcações com destino à esperança.
Que doce, breve e esquisita é a vida! Nos faz acreditar que já passamos por tudo, e que para tudo que já passamos temos a fórmula de como solucionar nas mãos. Depois ela própria nos coloca à frente de situações inimagináveis.
Agora acalma-te que depois da tempestade vem a calmaria, depois da briga vem o beijo, depois da cortina os aplausos e vem como se não existisse mais nada capaz de nos fazer sofrer, de nos fazer chorar. A mudança é sempre positiva, mesmo que no começo doa. E vai doer, mas ela precisa acontecer.
Guarda na mala de partida algumas poucas e boas lembranças: um sorriso amarelado, um abraço que a chuva molhou, um reencontro que a vida ocasionou e aquela noite que esquecida pelas outras pessoas se tornou manhã. Leva nos ouvidos palavras bonitas, faladas em um português não muito correto que você ouvira quando segurou a sacola daquela Senhora no ônibus, ou mesmo aquelas perfeitamente ditas na hora certa quando os raios de sol adentravam o quarto e a única coisa que se via era a beleza. Vai sem medo, e sem vergonha de saber que talvez seja preciso voltar. Vai de corpo e alma. Vai.